sábado, setembro 20, 2008

segunda-feira, julho 07, 2008

Os desesperados vêm aí!

Foi dada a largada, preparemos os ouvidos, pois que 1.200 desesperados, aqui em Curitiba, nos perseguirão a partir de agora pelas esquinas, praças, ruas, no rádio, na telinha, onde imaginarem que possam encontrar alguém. Preparemos os olhos para fugir do assédio, andemos de mãos nos bolsos para evitar os papéis que serão oferecidos. Eles surgirão pelo caminho cheios de probostas tentando envolver incautos, é o voto - o meu, o teu, o seu – que eles querem, só isso. Daqui a uns noventa e poucos dias, do mesmo jeito como brotaram na paisagem sumirão das nossas vistas, graças a Deus. Restará apenas entulho, o entulho dos eleitos e o entulho dos não eleitos. E dívidas, claro, de todos eles, de todo o gênero. Pagarão?

Das dívidas contraídas, as mais difíceis de honrar ficarão por conta do grupinho que será eleito. Muitas promessas, falsas em grande parte. Se exeqüíveis, dependerão de aprovação por comissões, o plenário da Câmara, a sanção do prefeito de plantão, e haja dúvidas sobre a execução! Mas tem o lado confortável: passada a campanha, ninguém mais lembrará de qualquer uma delas, o eleito só cumprirá na medida em que lhe restar alguma eventual decência o compelindo a tanto... Promessas de campanha não são sérias, o eleitor sabe disso, são só promessas, e o eleitor, ufa!,tem pouca memória. Sorte dos eleitos.

Outras dívidas não passarão em branco, aquelas dos interesses e comprometimentos, e as em moeda. Das primeiras, os grupos que sustentaram as campanhas dos eleitos saberão bem cuidar, têm coisa grande por trás, ao menos algumas doses de bom uísque e a certeza de novas campanhas para refrescar as idéias dos comprometidos - lembrem Londrina e seus 9 vereadores indiciados em corrupção... denúncia que não foi feita de graça, o furo é mais embaixo, vá em frente quem quiser desvendar. As dívidas em moeda, essas serão legadas a amigos, vizinhos, parentes, gráficas, partidos, que arquem com os prejuízos. Em Sampa, Marta e Alckmin ainda estão endividados com o passado, coisa para mais de 100 milhões, não se envergonham e nem se abalam.

quarta-feira, julho 02, 2008

Abrindo a caixa das maldades

Foram 23 minutos de notícias policiais no JN desta terça, 01.07, a dupla dinâmica da Globo, William-Fátima, mandando ver desde prisões por dirigir alcoolizado ao gesto louco da mãe que atirou a filha pela janela. Ou seja, quase metade do tempo do noticiário só cuidando dos nossos desmandos, aqui, ali e acolá. Certo, o povão adora isso, a audiência se sustenta com isso, a tevê está somente retratando a nossa competência em produzir maldades. Mas que competência, hein!?
Tirandos os comerciais, do restate do tempo nada mais de aproveitável. Se eu fosse dormir "desinformado" o meu sono não seria pior.
Hoje vou dormir sem ver qualquer noticioso.

sexta-feira, abril 25, 2008

O dia em que a terra tremeu

Esse dia em que a terra tremeu... acho que foi só mais um dia em que a terra tremeu. Eu não estava num 30º andar qualquer de qualquer av. Paulista, nem senti mas descobri (de novo) que aquele Paraíso de que me falaram lá nos tempos de infância morreu com ela, a infância. Dizia-se (perdão, Lula), que nunca antes na história desse país a terra havido tremido, e não houveram, até então, terremotos, tufões, tsunamis, eis uma terra abençoada por Deus, como no samba do Jorge Ben (ou Benjor? ou como se chama mesmo agora?). Mãe gentil essa natureza poética (não imaginava o que faríamos dela) cantada em verso e prosa que agora acirra meu irônico desconfiômetro de que por aqui a terra treme quase que todos os dias, como tremeu forte nas manchetes da mídia, na semana, lembrando da fome de hoje e daquela possível, amanhã, a nossa e de muitos outros:
  • Sem trigo argentino, pão fica mais caro
  • Alimentos respondem por metade da inflação em abril
  • Governo brasileiro suspende exportação de arroz para evitar desabastecimento
  • País aceita ceder em acordo de Doha
  • Alta nos preços dos alimentos já é crise global, diz a ONU
  • Desmatar é remédio para crise da comida (Governador de MT)
  • Rede do Wal-Mart limita venda de arroz nos EUA
  • Décadas de decisões ruins geraram crise dos alimentos, diz FAO
  • Falta de alimentos ameaça cem milhões de pessoas
  • Para FMI, Rodada Doha ajudará na luta contra a alta dos alimentos
  • Cresce preocupação nos países ricos com revoltas motivadas pela fome
  • Agrotóxico contamina 40% dos alfaces, tomates e morangos,diz Anvisa




NÃO É A FOME QUE MATA
É O TEMPO DA FOME QUE NOS VAI MATANDO
É O SILÊNCIO NA DESCULPA, DOS OUTROS
É A PELE DISTANTE, DOS OUTROS
A OUTRA VIDA QUE NÃO NOS PERTENCE

NÃO É A FOME QUE (NOS) MATA
À DISTÂNCIA DO SOFRIMENTO, DOS OUTROS
SÃO OS OUTROS, AQUELES QUE CARREGAM A FOME
A NECESSIDADE, DOS OUTROS
AQUELES QUE SÃO, OS OUTROS COM FOME
PEDINDO
OUTROS
OUTRO
OUTR
OUT
OU, OS (OUTROS)
(AQUILO DA FOME…)

(Desenho de José Pádua e texto de Eduardo Nascimento
Cículo Artístico e Cultural Artur Bual - Portugal)

Ah! Breve lembrete sobre outros tremores: o prazo do Imposto de Renda vence dia 30, quarta-feira. A hora de aplacar a fome do Leão.
Fui.

domingo, março 30, 2008

Reabrindo e rememorando

Depois de uma hibernada, decido pela reabertura da Destilaria, A data não ajuda, evoca um caminhão de memórias. De companheiros, dias de tensões represadas, expectativas que não se realizariam, muitas talvez não acontecessem mesmo.
A Nação começava a viver a mentira que seria institucionalizada logo em seguida, no 1º de Abril, e por mais duas décadas. Com ela os sonhos sendo jogados bem mais lá para a frente, ainda que por dois ou três dias tenham sobrevivido, até que Meneghetti retornasse de Passo Fundo e reassumisse o Palácio Piratiní. E puro ódio tomasse mentes e corações, como aconteceu quando Prates Dias, o Chefe de Polícia, desencadeou sua perseguição particular a jornalistas, políticos, estudantes, antecipando no RGS o que seriam os anos de chumbo. Recordo de nomes e rostos vítimas de muitas infâmias

Dois dias e meio sem dormir, cai na cama e acordei 12 horas mais tarde. Arrumei-me sobressaltado e desci para o jornal, deviam ser três da tarde, não imaginava o que acontecera. Fiz meu caminho habitual, desci as escadarias do Viaduto e segui pela Avenida Borges de Medeiros para tomar a Rua da Praia. Encontrava brigadianos, cavalarianos em patrulha e pouca gente, assustada, o medo se evidenciava .Não sei bem que dia era esse, imagino que 5 ou 6 do mês. Na esquina da Rua Caldas Jr. com a Sete de Setembro vi o jornal, Última Hora, cercado pela polícia, DOPS, agentes do Exército. A custo consegui acesso à redação. Encontrei o clima de ambiente invadido, notícias imprecisas, alguns poucos companheiros tentando se organizar, saber de outros colegas nossos e definir o que poderia ser feito dali em diante. A Polícia procurava por alguns da equipe, começara a vendetta particular do Chefe de Polícia (morreu como viveu, amargurado e cachaceiro).

Conhecíamos os primeiros momentos da era de chumbo, difíceis e complicados para acompanhar os fatos, participar da história, fazer rodar o jornal, mesmo que censurado, defender colegas e amigos. Proteger-se.

A vida passou a ser outra. E os sonhos? Bem, esses ficaram para o futuro possível.