quarta-feira, dezembro 27, 2006

Da Guerra e da Nossa Defesa

Lá No Fim Do Mundo

Este hiato de tempo que parece não existir, embora existindo, do Natal ao Ano Novo, pro(e)voca a consciência das boçalidades do mundo deixando acontecer, como acontece, mais essa guerrinha de famélicos aidéticos, Etiópia x Somália, cristãos x muçulmanos, escravos americanos x escravos terroristas. Um jogo de nada contra nada envolvendo 90 milhões de miseráveis. Os que se salvarem da tragédia da guerra morrerão de inanição ou de Aids, todos com menos de 50 anos, que a vida é curta por lá. É como se cumprem os interesses do mundo ocidental que desconhece a África, reserva mal preservada para o momento da conveniente exploração. Sim, talvez pouco importe a nós o Chifre da África, suas girafas, rinocerontes, hipopótamos. E negros. Mas eles estão lá.

Continuaremos a não saber que a Etiópia, que já foi Abissínia, vem do início do mundo, já foi palco para outras aventuras guerreiras, italianas e inglesas, uma história enfim
reposta, quem sabe por susto, pelo imperador Halié Selassié, antes Ras Tafari (daí essa mania do cabelo rastafari que os jamaicanos souberam bem exportar), depois Leão de Judá – um descendente supostamente direto de Salomão feito por esse em noites de loucuras com a Rainha de Sabá -, Rei dos Reis, Niguse Negest ou apenas Négus (embora os títulos, não se pode chama-lo de um sujeito exemplar). Sim, há pompa por lá, maior do que a imaginada. Com sangue real da Casa de Davi, dizem.

A Etiópia me lembra um português, jornalista, Joaquim Rodrigues Matias, que trabalhou comigo. Ele foi o primeiro a entrevistar Hailé Selassié, já Imperador, em seu palácio real em meio aos leões, eunucos e uma atenta guarda pessoal. Tudo falado em aramaico, como era de Selassié, contando um passado romântico que nossa nada santa ignorância nos esconde. Ou um presente que pouco promete a essa triste África. Ora, ela está nos confins da terra!

Cadê a Defesa Aérea?

A mentirada oficial sobre o apagão aéreo, além do fato de que nunca antes na história do país houve tanta incompetência, burrice e desrespeito ao Cidadão, faz intuir que inexiste defesa do espaço aéreo brasileiro. Esta seria uma tarefa do tal sistema de Cindactas (1, 2, 3, 4), idealizadosegundo um conceito estratégico que deveria controlar, para valer, nosso espaço aéreo. Mas, como já foi demonstrado, ele é permeado de buracos negros, um queijo suíço dos céus, com operadores mal dormidos e equipamentos sucateados. Por isso contrabandistas e traficantes constroem pistas clandestinas pelo nosso interior e voam livres sobre grande parte do território. Se numa diarréia de coragem, Bolívia, Equador ou Paraguai inventasse de largar seus paulistinhas num ataque aéreo ao Brasil, nós só saberíamos disso no dia seguinte, supondo a inexistência de outras muitas mentiras... Voltando no tempo, lembro do porta-aviões Minas Gerais, sobra deteriorada de guerra enfim aposentada. Nosso litoral também está ao abandono.

Lá por 82, quando começaram a por em funcionamento os Cindacta, tive que visitar a unidade de Curitiba para acertar algumas fotos que iriam ser usadas em material publicitário. Tudo era mistério, exigiam-se necessárias autorizações de mil e um brigadeiros de plantão. Segredo de Estado, o Cindacta era guardado longe de todos os olhos. Vinte anos depois o sistema se apresenta na sua realidade: decadente, superado, ineficiente. Uma balela. O Contribuinte que se lixe, de todos os modos.

domingo, dezembro 17, 2006

Os meus abraços de Natal e Ano Novo

Esses dias, essas vésperas de Natal e Ano Novo, essas festas e festinhas... Me enchem o saco os tais amigos secretos as trocas de presentes as comidas sempre as mesmas comidas o indefectível perú e o porco de virada de ano que não se come frango ou outro animal que cisque para trás enquanto as mulheres devem lembrar de usar calcinhas amarelas – não sei porque, perdi a historia disso (enão poderiam simplesmente não usar?) Mas tudo bem, amigos, tudo bem Abicalaffe Adriano Affonso Alapont Alex Aneliza Arthur Arnaldo Avani um abraço, um abraço caloroso. Porque acredito que nos abraços pode mais residir a verdade do Natal, a passagem do afeto, a garantia da benquerença que olha para a frente e fala de coração Feliz Ano Novo Bárbara Bell Bellinaso Bernardi Bezerra (onde andas?) Boblopes entre outros bês valendo filhos na relação. São abraços em muitos casos definidos como Virtuais, remotamente presenciais, mas que não deixam de envolver saudade e afeto Carlão Cruz Carlos Carmenlucia Carroça Charles Cícero Ciro Cláudio Coelho Copstein Cotta Cristiano Diana Dico. As distâncias têm que ser quebradas de algum modo!... pela web, forma de atender a memória e repassar dias e dias conversas cafés discussões xingamentos sempre no bom sentido e com todo o respeito, que nos fizeram bem no momento Edgar Edu Eduardo Elgson Elígio Eliseu Eloy Emilio Emmanuel Epluna Erides Ernesto ErnyJr. Esperidião Fábio Fernando Flávia Freire... descubro que o povo que começa com “efe” ta pequeno no meu caderno de endereços. Mas a qualidade, deixem-me cair no lugar comum, supera a quantidade, realmente supera quando (re)vejo encontros que não cumprimos seja para uma visita um café ou um almoço Gagliastri Garciaja Gevilácio Gianni Gilson Giuseppe Graziani e até mesmo finalizar trabalhos que em aberto por falta de verba e decisão, um desespero na vida publicitária, coisas da rotina de clientes com quem a gente não deveria ter se metido; não o fizesse, como saber tal enredo inacabado? - mas não é o caso neste exato momento, ufa!, que, se envolve acidentalmente cliente, é cliente de boa cepa, de palavra e cumpridor ainda que não faça o que deveria, outro desespero de quem mexe nessas coisas de marketing e propaganda sem lembrar que o cliente é uma imensa e bem amarrada caixa preta, ora bolas! Mas eu volto aos abraços, dos quais me afastava e retomo os nomes Henrique Herval Humberto Isabel Ivan Janer João Joel Jorge Juk Júnior Lisboa Luciano Lúcio Luiz no meio dos quais até primos perdidos me dão um alô como me aparecem mais lá nos “pês” e todos me parecem gente fina, gente muito fina de vários cantos como esses Madruga Makoto Manzoli Marcel Marcelo Marcial Márcio Marco Margareth Maria - todas elas sejam quais forem os complementos - Mauro Mcgroupianos Mezzomo Miguel Miriam Moacir Molina Moraes aí incluindo quem me ensinou muito e bastante do negócio da propaganda depois de ter me aturado como foca de jornal, para mim épocas marcantes de que não pretendo me desfazer, tão cedo pelo menos e nem haveria razão disso. Continuo com os abraços Nerval Nicanor Norival Odone Odorico Oliva Pamplona Panela Paty Paulino Paulobro Paulo Persona certos desses surgidos na vida meio há pouco mas com belas belíssimas gratificações pelo conhecimento e essa sempre possibilidade de seguirmos fraternamente nos papos e numa construção de idéias, ainda que inaproveitáveis ou inúteis. Rafael Rafaella Regina Reinhold Renato Rettamozo Ricardo Robert Rodrigo Rogério Rosana Rosane Rosângela Rubinho o catálogo dos “erres” me dá a imagem da Minha Loira que curto antes de tudo como a muitos é dado saber, alguns apenas adivinham e outros acham que é demais, demais, demais é ela e este é o meu jeito de ver e assim continuarei sendo, pois é do meu caminho e minha vida. Abraços também para essa patota em que ressaltam alguns bons nomes meio turcos que irão se dizer libaneses ou afins, Salim Salamuni Sergio Sibele Smania Sonia Spada Stephanes Sylvano Teco Ubaldo Vânia Vitor Walmor Walter Widebiz Wilson, embora possam ter origem italiana e mesmo japonesa mas não ficaram no esquecimento que eu não deixaria acontecer, como não deixei os mais próximos, filhos noras genros e netos, Nem os grupos de discussão, porque um jeito de alcançar àqueles que não foram citados. E em assim sendo, sem promessas de me manter ausente, deixo a todos, presentes e ausentes, um abraço, os abraços de um Bom Natal e de uma entrada de Ano cheia de novas e muitas esperanças. Que tudo aconteça! Até.


Desculpem amigos, foi demais. Campeão do Mundo!


domingo, dezembro 10, 2006

Do País do Nunca Antes e do Mundo


Índios americanos: abonados por dólares de seus cassinos, 3.000 índios Seminoles compraram a rede do Hard Rock Café, 124 restaurantes, quatro hotéis, dois hotéis cassino, duas casas de show e a participação acionária em três hotéis, afora outras bagatelas que entraram de inhapa num negócio de 965 milhões de dólares.
Índios brasileiros: morrem de fome bêbados e pedintes à beira dos buracos das estradas, imaginando vender suas mal trançadas palhas de péssima qualidade, quando não vivem do tráfico de madeiras.
Índios da Daslu: devem 32 milhões por 18 meses de aluguéis atrasados da sede que todos pensávamos fosse dela, isto fora a conta de 500 milhões por sonegação.
Índios da família imperial brasileira: na pindaíba, venderam a pena de ouro de 18 quilates cravejada de 27 diamantes que a Isabel usou para assinar a Lei Áurea.


O Chavez acabou de nos prometer um ”crescimento vertiginoso”. O IDH da Venezuela é pior do que o do Brasil, que até já consegue a façanha de ser melhor do que o Haiti e cinco países da África Subsaariana.
O Lulla já tinha prometido o espetáculo do crescimento.

O pessoal do STF quer nos assaltar com um salário de 30 mil por mês, talvez por conta desse crescimento vertiginoso. Um professor em início de carreira ganha 560,00 pilas e um gari fatura 600,00 por mês. Uma faxineira em Sampa trabalha 5 horas e cobra 80 reais, um salário projetado de 1.600,00 reais por mês. Um médico do SUS ganha 1.400,00. No Canadá, professor recebe 10 mil dólares mensais. Para os controladores de vôo o Lulla abriu concurso oferecendo vencimento bruto de R$ 3.148,40.
A classe média acabou de saber que sua renda encolheu 46% em termos reais, descontada a inflação. Bom lembrar que 60% da carga do IR sobre pessoas físicas recai sobre a classe média.

Na Argentina a classe média vive em prosperidade.


Um processo no STF leva de 12 a 14 anos para ser julgado. Um assunto político, como a cláusula de barreira é bem mais rapidinho: 11 anos. O resultado variará conforme as negociações... O PT foi o autor da ação, em 1995, por se considerar prejudicado.

Contrate seu pizzaiolo preferido. Os melhores pizzaiolos estão em Brasília, mais de 500 para livre escolha. Eles estão em http://www.camara.gov.br/.




Escola Collor: a boa e velha poupança agora sofre ameaça de cobrança de IR, quando os depósitos forem superiores a R$ 30 mil ou R$ 50 mil.

sábado, dezembro 02, 2006

Fogo fátuo

Cyro Gomes, ex-ministro do Lulla que está virando deputado federal (PSB-CE), botou a boca no trombone criticando o desempenho econômico nacional, taxando-o de medíocre, o que todo mundo já sabe há horas, e esculhambando o achego com o PMDB - todos estamos cansados de saber que termina no primeiro "dois prá mim, um prá ti".... Curiosamente, ao querer explicar o Cyro, para o "cumpanheiro Tarso Genro", o que a gente chamaria de fogo amigo virou "fogo fraterno". O problema agora é descobrir a diferença entre fogo inimigo, fogo amigo ou fogo fraterno. Qual desses fogos queimará menos? Fogo é fogo, ou será tudo fogo fátuo? Sem sombra de dúvidas, PT é cultura. Ou quase.



Tem jabá nos chips?

Conversa vai, conversa vem, o Odone coloca na mesa a história dos chips para os automóveis. A pergunta que vai para o ar é: qui prodest? Ora, o que ainda ninguém contou é que, sendo a frota brasileira de mais ou menos 22,5 milhões de automóveis, a R$ 55,00 por carro, estão em jogo R$ 1.237.500.000,00 - isso mesmo, 1 bilhão, duzentos e trinta e sete milhões, quinhentos mil reais, numa continha barata de hoje. A decisão foi do Contran, que é do Denatran, que por sua vez é do Ministério das Cidades - o Contran tem gente da Defesa, Saúde, Educação, Meio Ambiente e Transportes. A sigla da decisão (como as que os governos inventam) diz um monte: SINIAV - Sistema de Identificação Automática de Veículos. Não explicaram quem vai fornecer os equipamentos de controle e os chips. Dá para desconfiar que pode ter jabá por aí. Se tiver, quero minha parte! Por falar em jabá, um deputado do PT (Ferro) está propondo a lei do jabá para cima do pessoal da latinha e da telinha, na "defesa" da cultura nativa. Ele poderia se interessar em tocar ferro (hehehe) preventivo considerando um eventual jabazinho dos chips...



Foeda facies



Pois me chegou o "abaixo-bocal" (já que nada foi assinado) da turma do café da 24, pela minha ausência. Entonces, saibam todos que este lerem que o Marcial cumpriu fielmente o mandato a ele dado, não tendo esquecido de transmitir, a plenos pulmões, manifestação alguma das invejas e aleivosias, a malícia do Nicanor, o desdém do Nonô ou o sorriso buenairense da bengala do Jorge. Anotei e devolvo, convidando a que saiam dessa promíscua planície chuvosa e passem a desfrutar o conforto de um Ambiente Civilizado. Ao Nica, alerto que materiais muito melhores tem passado, e tem presente, pelo Dell'Arte, o que o Marcial, sexta-feira, 1º/12, testemunhou e diante do Monumento inédito para o Beco Sem Saída ouviu: "prá essa, o tio mandava até um 13º". Venham, venham todos - o Rogério e o Cunha estão a meio caminho. Garanto a primeira rodada (de acordo com o não combinado ainda) por conta da casa, certo Mário?.
P.S. - Foedas facies fica como minha profunda indignação pelo insidioso falatório! (hehehehe)

Floripa entre as 10 mais



Mané da cêpa, o genro Rodrigo cumpre o dever de informar que a Newsweek colocou Floripa como uma das dez (justo a 10ª) cidades mais ativas do planeta Terra. "Bigger and better" é uma baita reportagem em favor da Ilha da Magia. Logo, não só a praia, o trabalho também faz bem.... Por falar em praia, alô Rogério! Espera, nós chegaremos sim... de novo!

quinta-feira, novembro 16, 2006

Rua 24 Horas Ou O Beco Sem Saída

No começo, ônibus despejavam gente de todos os lugares, máquinas fotográficas documentavam a descoberta. O povo da terra também ia. Até a chuva, e chovia mais dentro do que fora, aceitava-se numa boa - "um dia a Dona Prefa conserta, é próprio de obra inovadora e ousada", eis a desculpa gentil imaginada para as falhas de um projeto que colocava a cidade na modernidade. Cosmética.

Por dever de cidadania me peguei "ene" vezes proclamando as virtudes da idéia, enquanto bebericava café contabilizando mentalmente seus problemas. Por dever de vizinhança, assisti quieto a decadência - o fuminho passando de mão em mão, as “mães” fazendo ponto, assaltos, porres, a chuva continuando a molhar mais dentro do que fora. Nessa época, a Rua tinha um (bom) administrador, o José Luiz, morreu enfartado ali pelos 40, quem sabe exaurido pela briga que sustentava sozinho.

Passava por lá, ia um café, momento de ver gente daqui e de fora. Trocavam-se papos, lia-se jornal, esboçavam-se novos e civilizados costumes. Cheguei a fazer uma ceia de Ano Novo no que era, então, o melhor restaurante da Rua. Apesar da chuva, e choveu naquele 31.

A loja de conveniência quebrou, depois a farmácia, aí outras. Brotaram os garçons mais chatos da cidade.
O antigo reivindicava o que achava seu e, sorrateiro, assumia o controle da situação. Quebravam-se os encantos e o imaginário.

A Rua encolheu, hoje soma umas 10 lojas assim-assim, “guentando” porque não tem para onde ir e os aluguéis atrasados não são cobrados. Virou beco sem saída.

Um incêndio, sábado (um dia depois que a URBS fez reunião com os lojistas), 11, provocado pelo sabotador Kurt Circuit, como descobriu um cafezeiro, desvestiu um trecho da ex-24 Horas (há muito não funciona as 24 horas). Seguindo a moda, ergueu-se um tapume, feito muro, espremendo a Rua, sugerindo dois mundos, o de anteontem e o de ontem. Piorou. Culpa do aleatório, entende-se

Ainda bem que desde sábado só caiu leve garoa.

Imagino que os problemas da Rua 24 Horas começam por ela não ter dono: é da Prefeitura, mas a URBS a deixa prá lá;
imagino que deveria ser da Secretaria de Turismo, mas essa não vai querer o pepino, pouco importa se a Rua foi cartão de visita de Curitiba. Dos prefeitos, o Greca chegava a aparecer; vereadores aparentam ignorá-la (nada surpreendente, e a 24 Horas não rende votos...). Amarrada aos preceitos de administração pública, a Rua perdeu o mal definido foco inicial. Encarece ser repensada (será resgatável?) mercadologicamente, como um shopping de conveniências (não de comida ruim, de serviços efetivos), funcionando 24 horas.

Tio Nica paga o café. Nono, Jorge, Cunha, Miguel, eu junto, outros que chegam e vão, o Marcial, vira e mexe todos falando nessa melancólica decadência. Em silêncio, Padre Zeno mudou de freguesia para o almoço de domingo.

Da minha parte, mudei de café, o dali deixei para raros momentos com esses amigos. E vou tentando imaginar se depois desse desastre serão feitos além de remendos... Os poucos lojistas acreditam em “enérgicas providências imediatas”. Acreditam porque precisam.

O tempo está firme, não há previsão de chuva. Graças a Deus!

(Foto de Joel Rocha)

quarta-feira, novembro 15, 2006

De coisas republicanas e não republicanas


Um profeta o barbudo Deodoro, o Fundador da República. Escreveu, talvez, o segundo artigo – o primeiro, eu suponho tenha sido do Caminha com o seu "em se plantando tudo dá" - da Lei das Impossibilidades Tupiniquins para desespero dos positivistas: “República no Brasil é coisa impossível porque será umaverdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos” (um resumo do "o que começa errado termina errado?"). Isto ele disse bem antes de, com seus 600 soldados e uma banda de música (tinha, não havia festa sem uma), despachar a família imperial para a Europa. Sua carta ajuda a entender, ainda, a mania fundada pelo Bob (Jefferson) de termos “assuntos republicanos" e "assuntos não republicanos”.

Sem dúvida é uma boa data o 15 de Novembro para se meditar sobre o que é ou não é republicano. Complicado é definir o que seja republicano. Tentei fazer uma lista, fiquei às voltas só com assuntos não-republicanos, um puxando o outro, eu naquela de me dizer o que não é um cavalo. No espírito comteano, mortos guiando vivos: “a humanidade se compõe mais de mortos que de vivos”.

Deodoro escreveu e não leu, seguiu a corrente e
fundou a República, do jeito que deu. Aliás cuidando logo de definir temas não-republicanos: um mês depois
de proclamá-la tratou de editar a Lei Rolha, a primeira
censura à imprensa nacional. Nem hino a República tinha... Objetivo da lei: julgar “abusos da manifestação do pensamento”. Fez-se o conceito para os futuros. Coça de inveja a mão de quem segura a caneta do Poder - federal, estadual, municipal.

Não conhecemos uma república teocrática ao sabor
positivista, mas em nome de Deus, Pátria e Família
sofremos revoluções, a última morreu meio de inanição e também no berço esplêndido de assuntos não-republicanos... Como de tudo fica um pouco, lembrando de Drummond, levamos um traço autoritarista, próprio ao positivismo dos seguidores de Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, como Júlio de Castilhos, Getúlio e, óbvio, a caserna. E nos recônditos profundos da alma do Operário que Virou Patrão, no jeito destrambelhado de algum governador, na língua solta dos que defendem uma ditadura como salvação nacional (o voto corrompe a razão popular, é do espírito comteano). Barbaridade!

Tudo assim tão pouco republicano, meio cantando baixinho

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

(Refrão do Hino à Proclamação da República, mal o conhecemos, por sinal tem uma letra calhordinha demais para o meu gosto!)

Ganhamos uma bandeira, dia 19 é dela, expondo nossas riquezas, delícias e encerrando o postulado máximo do positivismo: Ordem e Progresso (ou seria "Ordem no Congresso"?). Seguimos, aprendendo a conviver com nossas contradições, estruturas sócio-econômicas herdadas do império, riqueza nacional concentrada, pensamento elitista (somente os indivíduos dotados de grande cultura geral e de grande discernimento científico e objetividade é que podem governar bem uma nação, uma proposta de Comte), sistema agrícola de feição monoculturista, exportador, latifundiário, sujeito às diatribes dos MSTs da vida. Às vezes trocamos os plantonistas no governo, tudo o resto fica como está. Nós idem, daqui a quatro anos repetindo as mesmas façanhas. Melhor é um chope gelado (vou por no cardápio da Distilaria).




Hoje os templos positivistas devem festejar essa república incompleta e incipiente, Comte se revirando no túmulo diante do que sobrou do legado (informo que não sou dessa paróquia e a foto é do templo de Porto Alegre, lembrança de infância; o de Curitiba consta que fica em alguma galeria do centro). Faz companhia a Platão, esse o maior enganado da história, nunca imaginou no que daria o seu sonho republicano por esta terrinha.

Curtamos o feriado sabendo que faltam 40 dias para o Natal.

Saúde e fraternidade.







terça-feira, novembro 14, 2006

Respeito é bom e é bonito!

Já ouvi isso um monte e nunca pensei em repetir, parece frase antiga. Mas no meio de tanta bandalheira solta, e muito mais de imprevidênca, a frase me veio à cabeça e eu cometo essa de publicá-la. Mas ela veste bem o momento, nada novo, apenas um arremedo mal desenhado de muitos outros, mas um momento grave, outro.Começou logo após o acidente do vôo 1097, quando pareceu que pouco contou a todos os envolvidos nos fatos,do acidente em si, das razões, das buscas, se havia gente no meio da história, não parecia que havia. E continuou com mentiras e desmentidos, uma série de "eu não sabia" que agora culminam numa nova reunião inconclusa. É Brasília, gente, é Brasília!.



Tenho uma certeza: são dois brasis mesmo, o deles, o de Brasília, é o nosso. É a Ilha da Fantasia e a realidade que deve trabalhar quase 4 meses ao ano para suprir seus empregados lá... em Brasília. Eles esquecem, em Brasília, que são "servidores públicos" ou "serventuários", como queiram.Há um país real e um país imaginário, este é o deles. Lembro de uma peça do Arena, não sei se "Arena Canta Zumbi", acho que não, em que lá pelas tantas é dito: "...o Brasil é uma terra alcatifada de flores, onde a brisa faz amores... correi prás bandas do sul e encontrareis um país adormecido...", ao que o coro responde: "subdesenvolvida, subdesenvolvida, esta é que é a vida nacional!". Quer se queira, quer não, de fato somos subdesenvolvidos brincando com coisa séria. Nada além, quem sabe, de uma metáfora lulliana, meirellenta ou outros sábios, passados e presentes - nos livre Deus dos futuros!

Seguimos adormecidos, é bom para os de plantão em Brasília. Enquanto isso, aprendamos a olhar o que rola ao nosso redor (ou derredor?).

O outro País, o nosso, o Verdadeiro,inexiste para "elles", logo não conta. A nós são dados direitos, a começar por aquele de que "todos são iguais perante a lei", o problema é como exercitar isso e os demais. Falta respeito com quem paga a conta.

Alguém deve estar morrendo na fila do INSS. Por falta de respeito, só.

quinta-feira, novembro 09, 2006

ESSE É O NÚMERO DO PROJETO DE
CONTROLE DA INTERNET: R$ 1.900.000.000,00


Um número, R$ 1.900.000.000,00 anuais, mais ou menos isso, 1,9 bi de reais, pode ser a chave que decifra o projeto de controle de acesso à Internet inventado pelo Eduardo Azeredo, aquele senador de não muito bem explicadas relações com a boa vida mensaleira. Para muitos pode ser que isto não passe de pura especulação, e não deixa de ser. Mas comece-se perguntando: a quem interessa a esdrúxula iniciativa? Aos provedores de acesso? Aos provedores de conteúdo? Não, não interessa a eles... interessa aos bancos. O "inocente" projeto, ao exigir a identificação do internauta de fato acaba por abrir a porta para a venda da cerificação digital. E a certificação digital é um negócio começado pelo Serasa, que é dos bancos e para os bancos, a venda de E-CPF’s a partir de “módicos” R$ 100,00 anuais. É nela, na
comercialização dos E-CPF’s que pode desembocar essa
“inocente” e nova bem urdida tessitura congressista de “defesa” dos interesses dos internautas, livrando o investimento e a responsabilidade dos bancos na hora de proteger o consumidor dos crimes cibernéticos. De lambuja fazendo imaginar generosas quireras de patrocínio para campanhas políticas. A conta como sempre, acabará sendo nossa. E tudo segundo o “espírito da lei”.

É claro que, em chegando à certificação, poderemos ser chamados a colaborar para renovar a vida dos cartórios. Cada internauta terá que provar que está vivo, apresentar documentos com firmas reconhecidas, cópias autenticadas, essas coisas inúteis, velhas e tão falsas como quem imagina pedi-las ainda - Certidão de Nascimento, Certidão de Estado Civil, Atestado de Residência, Atestado de Bons Antecedentes, Ficha Corrida Policial, Atestado de Saúde Física e Mental, CPF, RG, talvez um Diploma de Navegador da WEB (um pouco de corporativismo não vai mal). Ninguém falou nisso, mas vai que um dos 500 companheiros do Eduardo de repente se imbua de defensor de uma internet segura, legal e, pior, organizadinha! Afinal, podendo complicar, para que simplificar (a nossa vida, lógico).

O pai do projeto, Eduardo Azeredo, foi tentar explicar esse seu

Frankenstein numa entrevista ao UOL, ontem. Não disse nada,
como é o hábito de quem se acha autoridade, e deixou a
impressão de que inexistem argumentos reais e verdadeiros para a defesa da iniciativa. Um deputado, Miro Teixeira, também em entrevista ao UOL, tentando demonstrar domínio da matéria e aparentando certo bom senso desmontou o monstrengo, depois de uma aula de direito – falou em direito substantivo, direito consuetudinário, distinção dos códigos Penal e Processual Penal. Graças, Deus! Um inventor a menos, por ora. Torçamos para que prevaleça o bom senso ou ligeirinho estaremos vivendo o arremedo de um capítulo do “1984” de George Orwell.

Importa ficar alerta. Como é notório, o perigo mora em Brasília, de um e de outro lado da praça.



domingo, novembro 05, 2006

Pego a vontade blogueira meio reprimida e tento me encontrar neste espaço. Um processo de construção aparentemente complicado que fica ainda mais quando um amigo do peito, um irmão, sabendo da ousadia me diz: “faz um pra mim”. Como se fosse bolo ou sanduíche, talvez seja mesmo, apenas que a receita, sendo pessoal, não serve pra outro. Em servindo, algo não vai dar certo não, ou seria do manual da D. Benta.

Volto ao blog e vou alertando que é “distilaria” sim, a Santa Flora é muito anterior a “destilaria”, como é certo, ela vem lá do fim dos anos 20 ou comecinho dos 30, não sei bem,
integrava um “conglomerado empresarial” composto por mais outras quatro
“distilarias” plantadas “estrategicamente” a partir de facilidades ao acesso à matéria-prima: batata, milho, cana, o que pudesse virar álcool, álcool para
diversos usos e exportável – já acontecia!

Da Santa Flora não me sobrou mais do que esse “retrato” aí; de uma outra do “grupo”, em Guaíba, que resistiu até que os anos 50 entrassem, ficou na memória o odor da fermentação, mamoneiras – aquelas que dos frutos que deliciam o governador (Requião, do PR) - ocupando o terreno de uma construção vazia, uma balança e seus muitos pesos, nunca vi viva alma por ali, até porque talvez esse fosse não mais do que um passeio dominical e raro.

Nada me explica também a razão de ser Santa Flora, afora o fato desta ser uma capela que virou nome de rua (ou o contrário?) no bairro da Cavalhada, em POA. Coisas do seu batismo e vontades de um empreendedor meio fora de época apostando num futuro difícil de se compreender naqueles tempos.