terça-feira, setembro 22, 2015

São Miguel, valei-nos!

O aguaceiro que afoga o Rio Grande do Sul provoca minhas perplexidades, muitas e uma só. Uma fortíssima razão vem da sabedoria popular: essas chuvas devem acabar em São Miguel, se nada mudou no calendário, pelo dia 29 de setembro. Real e verdadeiramente tende a ser sempre assim. Haverão outras chuvas, mas elas já não iguais a essas, mesmo que pródigas em parecenças.


Sempre ouvi isso, desde que me lembro das missas festivas, na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, em homenagem a São Miguel, geralmente abaixo de muita água.Trabalhando na Zero Hora, entrei ano e sai ano vendo essa rotina e São Miguel na ponta, confirmando...

Minhas perplexidades ficam maiores ainda ao saber que se Porto Alegre ganhou alguma prevenção contra essas enchentes anuais, o restante da região metropolitana e muitos outros municípios ao longo de rios como o Caí, o Pardo, o Uruguai, seguem padecentes. Simplesmente porque ninguém se preocupou em fazer alguma coisa. Como em tudo que hoje acontece no País.

E o dólar, olha aí, agora está em R$ 4,05. Pelo mesmo motivo.
Boa noite.

quinta-feira, setembro 17, 2015

De pão e banana...

Meio ao acaso, no fim de semana me deparei com uma foto de "pães de meio quilo", viajei na memória. Pães de meio quilo foram um sonho e um tabu para mim, por longo tempo. Curiosa e inexplicavelmente, em minha casa, eu ainda na infância, só se compravam pães de 1/4 de quilo...
Tirante o peso, era o mesmo pão, eu é que insistia em encontrar diferenças. No futuro descobri uma: a fatia do pão de meio quilo era grande, larga, e coberta por manteiga parecia oferecer um outro sabor... Enchia os olhos e a minha mão ainda pequena, custava a sumir na boca... Esse futuro não demorou a chegar. Veio ao tempo de aprender a pular o muro que corria frente a fundos pretendendo separar o edifício em que eu morava da casa ao lado.

Casa onde morava a família Castro, o meu amigo Holmes
e seu pessoal. Na parte superior funcionava a Rádio Farroupilha.
Na cozinha dos Castro uma mesa grande, lembro bem. A
flecha vermelha marca o terraço do Edifício Milton, onde eu
morava. Estávamos parede-a-parede.
Rua Duque de Caxias, ao lado do Viaduto Otávio Rocha.

Aprendi a olhar lá do alto para os vizinhos e a pulá-lo. O terreno era também grande, algumas árvores, uma em especial que mais adiante me apresentaram como sendo uma goiabeira, a primeira da minha vida... E crianças, as meninas, os rapazes, já não sei bem quantos, os nomes ficam embaralhados, talvez errados, mas vou tentando: Ana, Tania, Ednei,Holmes - que a gente chamaria de Brasil, porque Brasil de nascença e nome -, Helena, já mais crescida..., e aí os maiores, Rodnei, Rosa Maria, parece-me isto. Ficamos amigos, especialmente Brasil, o Holmes, e eu. 
Então aconteceu: a mesa do lanche dos Castro era generosa. E o bom pão sempre presente era aquele, o dos meus sonhos, o pão de meio quilo. Difícil rejeitar o convite para o café com toda aquela turma e aquele pão... 
Nada mudou em minha casa, seguimos com o pão de 1/4 de quilo e também com a banana ouro que, descobri na boa convivência  com o Holmes Brasil, perdia de longe para a banana caturra que eles compravam!