terça-feira, junho 23, 2009

Por fim comemos o pene do Scarpim


Quando Cida e Nonô abriram as portas da sua casa à Confraria, nenhum de nós imaginava mais do que promessas, além da fidalguia dos Turolla e do bom vinho. Cafezeiros, sommeliers e gourmands, mais ou menos dedicados, de papos e histórias que fazem inveja, carregamos nossas mulheres como testemunhas das expectativas que há mais de semana povoavam os espíritos. E essas, as expectativas, se transformaram em ahs! de espanto, inveja e felicidade quando o Scarpim, em seu dólmã e chapéu alto (ainda não de 100 dobras, pelo que apurei) de Chef de Cuisine, mais do que aguçar o apetite nos embalou o espírito, começando pelas bruschettas e arrebentando com um pene dito à espanhola (ou seria português?). Muito, muito além do imaginado, saciando estômagos e nos levando às portas do Paraíso. Bela noite! Onde não faltaram as saladas da Cida, os vinhos, até o Don Nicanor, os doces e as queijadinhas de além-mar, belíssima noite, sim senhores!


É fato, pois, que nos descobrimos confreires privilegiados podendo aplaudir ao sucesso de um dos nossos que se pode apresentar, sem exageros, como já Douto nessas coisas misteriosas da cozinha - minha mulher, por exemplo, guardou sabores ainda não bem identificados que, por realçarem a receita, restaram como mistérios a serem desvendados... e adotados. Assim soubemos que a Fátima, de quem se reclama a falta do sotaque português, já é de muito uma privilegiada conhecedora desses segredos do marido, Scarpim ou Rogério, não importa.

Nosso (às vezes) complicado e exigente argentino (sim, aceitamos argentinos conosco) Jorge, de paladar sempre apurado, rendeu-se à obra apresentada sem reclamos ou "mas" e debruçou-se silencioso em mais de um prato, muito "precioso", como dizem esses irmãos do outro lado da fronteira. Saliento: Jorge se revelou um ajudante de mão cheia a cortar o pão para as bruschettas. De avental do Atlético, providenciado a tempo pelo Nonô e vestido sem contestações. Pelo que ficou, ele que admita, uma "gracinha", mais ainda empinando um copo de um ótimo Bianchi.
Festeiro mor dessa Confraria, connaisseur das boas cozinhas locais, Nicanor debulhou pene e vinho distribuindo elogios ao Chef, nosso novo motivo de orgulho e encontros tais e quais - aonde e quando será o próximo? Que o Nicanor, como de hábito, dê o comando. Aliás, dele sempre gosto de lembrar que a história do moderno varejo paranaense obrigatoriamente passa por seu nome. Somos todos vaidosos por ter a sua amizade e carinho.

O mesmo se diga do Nonô, um desses meio falsos vegetarianos da vida sempre ameaçando brigas com a balança e não resistindo a um belo prato que embale uma boa conversa, especialmente sobre futebol, Atlético, Vasco, e as peladas das noites de segunda-feira, nas quais é quase sempre o melhor em quadra, segundo contam. Pinta de general a encantar pela capacidade de fazer e manter amigos. Anfitrião generoso dividindo conosco também o carinho cativante da Cida. Obrigado a vocês.

Histórias como essa a esquentar uma noite fria de junho, começaram graças ao Mário, esse meio turco querido lá de Joaquim Távora, no dia em que montou a sua cafeteria, ponto de encontro e de solidificação das amizades do grupo. Mário e sua cara metade, Cristina, gaúcha de Santa Maria, delicada e de bom gosto, certamente a alma do café, enquanto o tiveram.


E das primeiras-damas dessa turma de cavalheiros debochados, desbocados, dedicados, que falar delas? Mulheres de estirpe, fantásticas por nos aturarem e ouvirem as histórias que contamos, fechando olhos e ouvidos a muitas delas, afinal sabem que aí está um time que se desmancha em amores, olhares e prazerosa submissão. É a Edda, do Nica, a Dirce, do Jorge, a minha loira, Rosana (não é Rosângela, Nica!).




Destarte fica o registro, para que não se esqueça, ou perca, dessa noite em que lançamos um Chef,19 de junho.